O Processo de Bolonha visa estabelecer uma Área Europeia de Ensino Superior, que permita o reconhecimento dos estudos (e da qualidade dos mesmos) realizados em cada país da Europa. O propósito é incentivar a mobilidade entre países, tornando o Espaço Europeu de Ensino Superior mais atractivo para os estudantes de outros países. Estes princípios levaram à adopção de um sistema estruturado em 3 ciclos de estudos, com graus facilmente reconhecíveis e comparáveis. O instrumento base é sistema de créditos ECTS (European Credit Transfer and Accumulation System), que considera a globalidade do trabalho de formação do aluno, incluindo não só as aulas e outras actividades realizadas em contacto com docentes, mas também todo o seu trabalho de estudo e reflexão.
O processo de formação passa a estar sobretudo centrado no processo de aprendizagem ao invés de se centrar no trabalho de leccionação do docente. Ou seja, passa a estar centrado no estudante e nas horas de trabalho que dedica às aulas, seminários, estudo, exames, realização de trabalhos, reflexão sobre as matérias.
Os programas de estudo passam a ser organizados com base nas competências que o aluno deve alcançar no fim do período de estudos. Estas competências são específicas ao curso e área de estudo, mas também competências transversais como a capacidade para analisar situações e resolver problemas, capacidades comunicativas, liderança, integração em equipa, adaptação à mudança, capacidade de seleccionar informação, de a organizar e sintetizar, entre outras.
Em [Bergen, 2005], são definidos para cada ciclo descritores genéricos constituindo Resultados de Aprendizagem baseados em Competências. É assim definido um sistema de ensino baseado na transmissão de conhecimentos para um sistema baseado no desenvolvimento de competências.
Nesta linha, em [Tuning, 2005] procura-se também definir perfis profissionais comparáveis e possibilitar que os diplomas sejam mais facilmente legíveis em termos dos seus conteúdos, de forma a promover a empregabilidade no mercado de emprego europeu. Um dos seus contributos relevantes foi o desenvolvimento de uma metodologia para a construção, compreensão, avaliação e ajustamento de cursos, tendo em vista uma melhoria sustentada da qualidade, vista como parte integrante de cada processo educacional (ver Figura 2.11 ).
Outra iniciativa de impacto Joint Quality Initiative visa a descrição dos Descritores de Dublin [DublinDescriptors, 2004], que estabelecem os objectivos de cada um dos ciclos de estudos na perspectiva das competências a adquirir, os quais passaram a estar incluídos na legislação portuguesa (cf. Decreto-Lei 74/2006).