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7. A 6ª disciplina e a Metanoia

Já em 1990 aquando do lançamento da obra " The Fifth Discipline - The art and practice of the learning organization", Peter Senge admitia o aparecimento de uma sexta disciplina. Para Senge, tal como a indústria de aviação comercial só se desenvolveu dez anos após a sua origem, devido ao aparecimento de duas tecnologias - o motor a jacto e o radar, também as "learning organizations" podem ver o seu crescimento acelerado por inovações que surjam no futuro, nomeadamente, novas disciplinas. Também não é de excluir a hipótese de estas inovações surgirem de áreas completamente distintas daquelas em que se situam as actuais 5 disciplinas (também o motor a jacto e o radar surgiram não da investigação na indústria da aviação mas da investigação militar).

Pensamos que das novas disciplinas que aparecerem (ou outras inovações que não tomem a etiqueta de disciplina), serão bem sucedidas aquelas que melhor captarem a essência do coração das "learning organizations": a metanoia.

"At the heart of the learning organization is a shift of mind - from seeing ourselves as separate from the world to connected to the world, from seeing problems as caused by someone or something "out there" to seeing how our actions create the problems we experience".

in The Fifth Discipline - The art and practice of the learning organization,
Peter M. Senge,
Currency Business, 1990

A palavra que Senge utiliza para descrever este desvio/ mudança da mente ou do pensamento é metanoia (meta - above or beyond, noia - mind).

Compreender o significado de metanoia é compreender o verdadeiro significado de aprender. Ao longo dos tempos, tem-se adulterado o sentido de aprender: para muitos aprender é sinónimo de receber informação (por exemplo, quem lê um livro rapidamente tende a assumir que já "aprendeu" tudo o que consta desse livro).

Mas, na verdade, aprender é muito mais que acolher passivamente informação; aprender implica compreender o mundo e a nossa relação com ele, tornarmo-nos capazes de fazer algo que não éramos capazes de fazer, ampliar a nossa capacidade de criar e consequentemente recriarmo-nos.

Transpondo este conceito para o domínio das organizações, uma organização aprendente é aquela que continuamente expande a capacidade para criar o seu futuro; aquela que se dedica a uma aprendizagem não só para sobreviver ("survival learning" ou "adaptative learning") mas também para aumentar a sua capacidade de criar ("generative learning"). É uma organização em que as pessoas descobrem qual a realidade do presente, qual a realidade ambicionada no futuro e como mudar de uma para outra; em que não se tomam como garantidos os paradigmas e assunções com que se percebe o mundo que, por vezes, deturpam a realidade e escondem as forças a dominar para concretizar tal mudança.

Em suma, não sendo prisioneiros do nosso pensamento seremos os criadores do nosso futuro.

 

 

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