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DEI / FCTUC

Licenciatura em Engenharia Informática

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Organizações vistas como cérebros  


Introdução  

Imagens do cérebro  

Organizações como cérebros processadores de informação  

Processamento de informações, tomadas de decisão e planeamento organizacional

Cibernética,aprendizagem e aprender a aprender  

Podem as organizações aprender a aprender  

Cérebro se organizações vistos como sistemas holográficos  

Como facilitar a auto-organização: princípios de planeamento holográfico  

Organização holográfica na prática


 

Introdução

 Os cérebros são diferentes das máquinas.

Karl Lashley, de modo a mostrar as diferenças entre ambos, efectuou uma experiência na qual removeu quantidades crescentes de cérebros de ratos que tinham sido ensinados a correr num labirinto. Removeu cerca de 90% do córtex dos ratos sem que houvesse deterioração significativa da sua capacidade de encontrar o seu caminho através do labirinto. Não existes nenhuma máquina feita pelo homem para a qual este facto seja verdade. A informação (neste caso, correr  no labirinto) não está centrada em pontos específicos do cérebro.

É possível que, usando o cérebro como uma metáfora para a organização, seja viável desenvolver a habilidade para realizar todo o processo de organização de uma maneira flexível e criativa. Muitos administradores e teóricos organizacionais limitam a sua atenção à ideia de que a organização necessita de um cérebro ou de uma função semelhante a um cérebro (sob a forma de grupos de planeamento corporativo, grupos de reflexão ou unidades de pesquisa centralizada e tomadas de decisão), que seja capaz de pensar para o resto da organização, controlar e integrar a actividade organizacional. Em contraste, é muito menos comum pensar sobre organizações como se elas fossem cérebros e ver se é possível criar novas formas de organização que difundem capacidades semelhantes às do cérebro por toda a empresa, em vez de confiná-las a unidades especiais ou partes.

 

Imagens do cérebro

O cérebro é visto como um sistema de processamento de informações – transmite informação através de impulsos eléctricos.

Tem sido comparado com sistemas holográficos, nos quais qualquer das partes separadas pode ser usada para reconstruir a imagem total. A holografia demostra que é possível criar processos nos quais o todo pode ser contido em todas as partes, de forma que todas as partes representem o todo.

 

Organizações como cérebros processadores de informação

 As organizações são sistemas de informações para além de sistemas de comunicação e sistemas de tomada de decisão. Pode-se, portanto compreender uma organização, bem como a variedade de formas organizacionais, através das características do seu processamento de informação.

 

Processamento de informações, tomadas de decisão e planeamento organizacional

Herbert Simon argumenta que as organizações nunca podem ser perfeitamente racionais, porque os seus membros têm habilidades limitadas de processamento de informações. As pessoas:

-         normalmente agem com base em informações incompletas;

-         são apenas capazes de explorar um limitado número de alternativas relativas a qualquer decisão;

-         são incapazes de dar valores precisos aos resultados obtidos.

Como consequência, a sua teoria da tomada de decisão define as organizações como tipos de cérebros institucionalizados que fragmentam e rotinizam os processos de tomada de decisão. Existem divisões departamentais e de trabalho que segmentam o ambiente das organizações, compartimentalizando responsabilidades, simplificando as áreas de interesse e tomada de decisões dos gerentes e funcionários.

No seguimento do trabalho de Herbert Simon, Jay Galbraith deu atenção ao relacionamento entre incerteza, processamento de informação e planeamento organizacional. Quanto maior é a incerteza numa dada actividade, mais difícil é programar e rotinizar o planeamento prévio de uma resposta. À medida que a incerteza aumentam as organizações procuram formas de controlar os resultados, impondo objectivos e alvos a atingir, em vez de controlar comportamentos através de regras e regulamentos.

Jay Galbraith identifica dois planeamentos estratégicos para lidar com a incerteza:

-         utilização de procedimentos que visem reduzir a necessidade de informação (com a criação de recursos excedentes e tarefas autolimitadas);

-         aumentar a capacidade de processar informação (com o investimento em sofisticados sistemas de informação).

As organizações poderão adoptar outras estratégias para controlar e/ou  protege-las contar a incerteza. Por exemplo, poderá tentar controlar o mercado ou produzir vários tipo de produtos (apostando na variedade) de modo a suavizar as solicitações sobre o sistema.

Uma solução encontrada para o processamento da informação foi a introdução dos computadores e microprocessamento, o que criou mudanças radicais em relação à natureza e estilo da organização: todos os tipos de funções antes desempenhadas por pessoas especializadas e semi-especializadas, são agora efectuadas electronicamente.

A evolução das organizações em sistemas de informação é então capaz de transformá-las estruturalmente e espacialmente. No entanto, a questão realmente importante levantada pela metáfora do cérebro é se as organizações se tornarão inteligentes. Neste ponto entra a questão da cibernética.

 

Cibernética, aprendizagem e aprender a aprender

A cibernética é um conceito que permite caracterizar processos de troca de informações através dos quais máquinas e organismos combinam-se com comportamentos de auto-regulação, de modo a manter estados estáveis. O objectivo desta ciência é criar máquinas coma a capacidade adaptativa dos organismos.

A descoberta central foi a habilidade de um sistema se auto-regular, através de um processo de troca de informação que envolve o feedback negativo. Este conceito permite que haja detecção do erro e correcção automática, de tal forma que movimentos para além dos limites específicos numa direcção iniciam movimentos na direcção oposta, de modo a manter o curso de acção desejado. Desta forma a cibernética realça quatro princípios chave para a comunicação e aprendizagem, nos quais os sistemas:

1)      devem ter a capacidade de sentir, monitorizar e explorar aspectos significativos do seu ambiente;

2)      devem ser capazes de relacionar essa informação com as normas operacionais que guiam o sistema comportamental;

3)      devem ser capazes de detectar desvios significativos dessas normas;

4)      devem ser capazes de iniciar  uma acção correctiva quando são detectadas discrepâncias.

Se estas quatro condições forem satisfeitas, criar-se-á um processo continuo de troca de informação entre um sistema e o seu ambiente, permitindo ao sistema  monitorizar mudanças e iniciar respostas apropriadas.

No entanto, este modelo está correcto na medida em que a acção definida por esses padrões é apropriada para lidar com as mudanças encontradas. Quando este não é o caso a «inteligência» do sistema rompe-se, porque o sistema de feedback negativo termina, ao tentar manter um padrão inapropriado de comportamento. Isto leva à distinção entre o processo de aprendizagem e o processo de aprender a aprender, ou seja, uma aprendizagem do tipo circuito simples e circuito duplo, respectivamente.

A aprendizagem em circuito único baseia-se na detecção e correcção do erro em relação a um dado conjunto de normas operacionais. A aprendizagem em circuito duplo depende da capacidade de autoquestionamento, questionando a relevância das normas de funcionamento.

 

Podem as organizações aprender a aprender

Algumas organizações têm sido bem sucedidas ao institucionalizar sistemas que revêm e desafiam normas básicas, políticas e procedimentos operacionais em relação a mudanças que ocorrem nos seus ambientes (incentivando o debate continuo e a inovação). No entanto muitas falham ao fazer isso:

-         Objectivos organizacionais, metas, estruturas e papeis criam padrões que fragmentam o interesse daquilo que a organização está a fazer.

-         Num sistema que recompensa o sucesso e pune as falhas dos empregados, estes habitualmente tendem a procurar formas de obscurecer assuntos e problemas que os colocarão sob luzes obscuras. Dizem aos gerentes exactamente aquilo que gostariam de ouvir.

-         Existe uma desfasagem entre aquilo que as pessoas dizem e aquilo que fazem. Torna-se cada vez mais difícil para o gerente enfrentar e lidar com as realidades de determinada situação.

Essencialmente, é necessária uma nova filosofia de administração relativamente ao processo de aprender a aprender, sendo necessário permanecer aberto às mudanças que ocorrem no ambiente. As quatro directrizes que se seguem resumem esse foco organizacional:

1)      Encorajar e valorizar uma abertura e flexibilidade que aceite erros e incerteza como um aspecto inevitável da vida em ambientes complexos e mutáveis. A legitimação do erro oferece uma potencial lição, em vez de ser uma ocasião para atribuir culpas.

2)      Encorajar a análise e resolução de problemas complexos que reconheçam a importância de explorar diferentes pontos de vista. O processo de aprender a aprender requer que as organizações se mantenham abertas a novas questões e novos desafios.

3)      Evitar a imposição de estruturas de acção em ambientes organizados. Os objectivos, metas e alvos têm um carácter predeterminado: tendem a oferecer uma estrutura para a aprendizagem e circuito único, desencorajando a aprendizagem em circuito duplo.

A prática administrativa japonesa usa o ritual ringi. É um processo de tomada de decisão colectiva no qual um documento passa de gerente em gerente antes de aprovação. Caso um gerente não concorde com aquilo que está a ser proposto, ele poderá modificar a decisão proposta e autorizar que o documento circule novamente.

Na visão americana, os objectivos devem ser firmes, rápidos e claramente estabelecidos para que todos os vejam. A acção escolhida pode não ser a melhor, mas satisfará os parâmetros considerados como cruciais para o sucesso.

No ringi japonês encontram-se as bases de uma visão cibernética da organização. A acção emerge como um resultado do processo de aprendizagem, não sendo imposta.

4)      Efectuar intervenções que criem estruturas e processos organizacionais que ajudem a implementar os princípios anteriormente apresentados.

  

Cérebros e organizações vistos como sistemas holográficos

Um disco holográfico abrange todas as informações necessárias (existentes em cada uma das partes do disco) à produção de uma imagem completa. Tem muito em comum com o funcionamento do cérebro: as capacidades requeridas no todo estão embutidas nas partes. A nível organizacional, permite ao sistema aprender e se auto-organizar, bem como manter um sistema completo de funcionamento mesmo quando partes especificas funcionem mal ou sejam removidas.

O cérebro tem um carácter holográfico na medida em que cada neurónio está ligado a centenas e milhares de outros, permitindo um sistema de funcionamento que é simultaneamente genérico e especializado. A boa conectividade entre neurónios permite um processamento simultâneo de informação nas diferentes partes do cérebro, podendo cada neurónio receber diferentes tipo de informação ao mesmo tempo, permitindo-lhe conhecer aquilo que se passa á sua volta. Esta condutividade permite um grau muito maior de ligações cruzadas e trocas que podem ser necessárias num determinado momento. Esta redundância permite que o cérebro opere de maneira probabilista em vez de determinista, facilitando o processo de auto-organização através do qual estruturas e funcionamento interno poderão evoluir de acordo com as circunstâncias de mudança.

O cérebro tem a capacidade de se organizar e se reorganizar, de modo a lidar com as contingências que enfrenta. Os conhecimentos levam a ver o cérebro como um sistema no qual este desempenha uma importante parte no autoplaneamento no curso da evolução.

Como facilitar a auto-organização: princípios de planeamento holográfico

De modo a criar uma organização do tipo holográfico é necessário:

-         Garantir o todo em cada parte;

-         Criar conexões e redundância;

-         Criar simultaneamente especialização e generalização;

-         Criar a capacidade de auto-organização.

A concepção holográfica repousa sobre a implementação de quatro princípios:

1)      Funções redundantes: é um meio de se construírem os todos em cada parte; a especialização e generalização.

2)      Variedade de requisito: ajuda a promover orientações práticas para o planeamento das relações parte-todo, mostrando exactamente quanto do todo precisa de estar em cada parte.

3)      Aprender a aprender e 4) mínima especialização critica: mostram como se podem desenvolver capacidades de auto-organização.

Foram sugeridos dois métodos introduzir a redundância num sistema:

-         Redundância das partes – cada uma das partes é concebida para desempenhar uma função especifica, sendo adicionadas partes especiais ao sistema com o objectivo de controlar, apoiar ou substituir partes que a qualquer momento possam falhar. Estes sistemas são organizados e podem ser reorganizados, mas têm pouca capacidade para se auto-regular.

-         Redundância de funções – em vez de se adicionar ao sistema partes isoladas, são acrescentadas funções extra em cada uma das partes da organização. Uma parte será capaz de desempenhar um conjunto de funções em vez de desempenhar uma única actividade especializada. Este planeamento organizacional possui flexibilidade e capacidade de reorganização dentro de cada uma e todas as partes do sistema.

Sistemas baseados em funções redundantes são sistemas holográficos na medida em que as capacidades relevantes  para o funcionamento do todo estão presentes nas partes. As partes reflectem a natureza do todo, assumindo uma configuração especifica consoante as contingências e problemas que apareçam na situação final.

O principio de variedade de requisito critico sugere que a redundância (variedade) deva atender à variedade e complexidade do seu ambiente. Isto significa que deve ser prestada muita atenção às relações fronteiriças entre unidades organizacionais e os seus ambientes.

O principio de especificação mínima sugere que administradores e planejadores organizacionais devam adoptar um papel de facilitadores criando “condições favoráveis” que permitam um sistema encontrar a sua forma de organização. Tenta preservar a flexibilidade absolutamente necessária para que a actividade particular de cada parte da organização ocorra.

O perigo de tal flexibilidade, no entanto, tem o potencial de se tornar caótico. É por isso que o principio de aprender a aprender deve ser desenvolvido como um quarto elemento do planeamento holográfico.

Os princípios da organização holográfica tentam criar condições através das quais as organizações procuram aprender a encontrar novas e progressivas soluções para problemas complexos.

 

Organização holográfica na prática

Temos o exemplo de uma fábrica, na qual a organização foi dividida em grupos. Cada um e todos os empregados sabem quase tudo sobre os produtos e processos que dizem respeito á fábrica. Os empregados estão ligados pelo empenho comum através de um intenso programa de treino e de orientação que os ajudam a desenvolver valores comuns, sendo recompensados pelas suas realizações em termos de habilidades.

Os resultados têm sido bem sucedidos, aumentando a produtividade, qualidade, inovação e a vida de trabalho em quase todos os aspectos.

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Processos de Gestão

2002/2003