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DEI / FCTUC

Licenciatura em Engenharia Informática

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Linguagem na Internet

 


 

Resumo

Palavras Chave

Introdução:

                        A presença do Inglês na Internet 

                        Estatisticamente falando……  

                        A importância da defesa do Português    

Conclusões  

Agradecimentos

Referências

 

 


 

Resumo: Descreve-se a linguagem dominante utilizada na Internet. O Inglês assume 58% em relação ao número de  páginas Web actualmente existentes nessa linguagem, contra os 2% do Português.

Especifica-se que a influência anglo-saxã tende a diminuir á medida que outras nações se tonam mais informatizadas. Será uma questão de tempo que o domínio Inglês será diminuído, colocando-se na mesma posição que as restantes linguagens.

No entanto, nos poderemos esquecer que a linguagem Inglesa, devido à sua simplicidade de construção e de sintaxe, se irá manter preponderante nos mais diversos campos: desde o nível cientifico até outros níveis mais mediáticos.

 

 

Palavras chave: Linguagem na Internet, linguagem, Internet, torre de Babel, Português,  Inglês, estatísticas.

 

 


 

 

Introdução:

 

As linguagens não são estáticas; elas evolvem, muitas vezes com a influencia de outras linguagens. No entanto, recentemente, esta influencia tem sido direccionado do Inglês para as outras linguagens do mundo. A influência desta linguagem, especialmente o Inglês americano, tem-se rapidamente espalhado pela Internet sem que ninguém se aperceba. Certas palavras anglo-saxónias tem-se adoptado e colocadas no léxico de outras nações; levanta-se então a questão se este processo terá ajudado a transpor significativas barreiras de comunicação, ou se terá encurtado ou aumentado divisões digitais. O facto do Inglês ter entrado no vocabulário de outros, não significa que a população compreenda a linguagem.

Á medida que o mundo se torna cada vez mais economicamente interdependente e mais tecnologias informáticas são utilizadas, verifica-se um aumento da influência da cultura anglo-saxã, especialmente via Internet. O caso da Alemanha, tem uma história que deu origem a discussões linguísticas inseridas no contexto da identidade nacional, devido a determinados eventos, ocorridos no século XX, nomeadamente devido a grandes flutuações nas fronteiras geográficas deste pais.

A Internet tem sido recentemente o campo de batalha para algumas guerras linguisticas via Web, mas no entanto é uma valiosa ferramenta na aprendizagem de novas línguas forasteiras.

Pretende-se que este artigo alerte o leitor sobre os problemas que a linguagem enfrenta na Internet, nomeadamente o Português em contraste com a linguagem anglo-saxã, procurando que cada indivíduo de identifique com a sua própria nacionalidade.

 

 


 

 

1. A presença do Inglês na Internet  

Será do conhecimento comum de que o ciberespaço tende a ser um ‘lago’ inglês que, segundo o que muitos pensam, irá inundar tudo o resto no mundo durante o processo. Alguns escritores descrevem a Internet como uma poderosa força para a evangelização do Ânglico no planeta, nomeadamente o editor da revista Britânica ‘The Futurist’ vaticina que graças a esta tecnologia, algures no próximo século, o Inglês tornar-se-á a linguagem nativa em grande parte do mundo. Inclusivé, fora já sugerido nas Nações Unidas a implementação do Inglês como uma linguagem mundial.

Certamente são poucos os que os que vêem, com algum alarme, o prospecto de uma única língua na Internet. Esta indiferença poderá semelhar-se a um acto de colonialismo intelectual. O presidente francês Jacques Chirac descreve a dominância do Inglês na Internet como um risco humanitário: a uniformização linguistica e cultural.

Não há questão de dúvida sobre a dominância do Inglês na Internet actual, no entanto grande parte desta situação deve-se a factores acidentais. A Internet foi um desenvolvimento americano, e 70 a 90 da percentagem de utilizadores são oriundos de países anglo-saxónicos. A proporção de utilizadores que têm o Inglês como língua nativa tem caído muito rapidamente, partindo do principio de que os serviços on-line começam a proliferar noutros países, da mesma maneira que a população começa a ultrapassar as dificuldades de enviar e receber caracteres com acentos e cedilhados e alfabetos não romanos. Claro que o Inglês irá permanecer a principal linguagem usada na comunicação cibernética, como já acontece para maior parte da ciência internacional, negócios e turismo. Nomeadamente, estatísticas mostram que o evento da Internet tem intensificado o interesse em aprender o Inglês entre estudantes em países como o Brasil e a Alemanha. O que torna a Internet diferente da maior parte das tecnologias de comunicação que a precedem, é a particularidade de conseguir manter tantas distinções linguisticas num só espaço (virtual). O telegrafo, o telefone, o radio conseguiram construir um mundo mais pequeno, agora com esta tecnologia consegue-se manter o mundo maior e poliglota: a tecnologia moderna tem tido como objectivo tornar o mundo mais pequeno, com a Internet a quantidade de assuntos multiplicou-se. Por cada assunto que procuramos encontramos sempre uma imensidão de tópicos que poderão ou não interessar á nossa pesquisa. Durante o entusiasmo contemporâneo aquando o aparecimento do telegrafo, incitou Thoreau a escrever sobre o tema, em termos que se poderão aplicar na Internet: ‘Estamos com uma grande pressa em abrir caminhos por baixo do Atlântico e trazer o mundo velho algumas semanas mais próximo do novo; possivelmente as primeiras noticias que chegarão aos ouvidos sinuosos dos americanos será que a Princesa Adelaide tem a tosse’ (adaptado).

Esta diversidade linguistica dever-se-á ao facto de que as linguagem nunca estão em disputa ou posta em causa da mesma maneira como acontece na emprensa ou outro tipo de média: um festival rock Dinamarquês poderá colocar a sua página Web em inglês e alemão para beneficio dos estrangeiros, mas também poderá colocar uma versão em dinamarquês de maneira que os nativos não se sintam postos de parte. De facto as linguagens que mais ganhariam no meio deste processo seriam as mais pequenas ou aquelas que tivessem um grande suporte dos média tradicionais, o que levantaria muita polémica. Cada grupo linguistico obtêm vantagem. Os grupos de discussão são óptimos exemplos em como existem autênticos fóruns compostos por várias linguagens.  

   


 

2.  Estatisticamente falando……

 

Estudos realizados em 2000 por Inktomi and Cyveillance concluem que mais de 85% das páginas Web com acesso público estão em Inglês, no entanto isto são só estimativas ás quais teremos que dar uma grande manobra de erro, visto que depende de vários factores, nomeadamente o espaço amostral escolhido.

No Verão de 2001 a agência ‘La Francophonie’ edita um artigo sobre este tema, complementado por uma pesquisa com números de páginas Web em várias linguagens, obtidos em determinados motores de busca. Este estudo investiga a presença das linguagens românicas, alemãs e inglesas em documentos on-line. Revela um forte crescimento no número de páginas Web com uma linguagem não inglesa, o que leva a pressupor que o número de páginas Web não é proporcional ao número de cibernautas com essa linguagem como dialecto nativo.

Uma estimativa aproximada ás unidade é abaixo apresentada, refere a percentagem de páginas Web para cada linguagem, baseada num estudo complementado pela ‘Google.com’ (2001), numa amostra de 350 milhões de páginas Web.

 

Linguagens

Percentagem (%)

Inglês

58

Alemão

7

Chinês

6

Francês

4

Russo

3

Espanhol

3

Italiano

2

Coreano

2

Português

2

Outros

4

 

 Historicamente, os utilizadores anglo-saxãos têm-se sobreposto a outras linguagens na Internet, mas esta preponderância tende a desvanecer-se à medida que outras linguagens vão emergindo. Em 1996, 4/5 dos 50 milhões de utilizadores eram nativos anglo-saxãos; em Setembro de 2001 estes já só eram constituídos por 43% dos 50 milhões da população on-line. Espera-se que estes números continuem a descer para abaixo dos 30% dos 850 milhões de utilizadores Web projectados para Março de 2005.

O fenomenal crescimento previsto para a população Web não anglo-saxónica deverá incitar á expansão de documentos, tabelas, base de dados, etc. on-line; no entanto, pedaços de código formatado incompleto e uma reconstrução imperfeita de texto em colunas, podem interferir com a procura de palavras e com a análise automática de texto, o que criará dificuldades em realizar de uma forma fiável este tipo de estimativas, que envolve uma análise profunda de um determinado texto embutido numa página Web.

 

 


 

 

3. A importância da defesa do Português

 

A defesa do Português representa um acto voluntário e de soberania. De uma forma consciente, determinada e sistemática é necessário avaliar os riscos que se colocam à língua, definir acções concretas para limitar os seus estragos, e avaliar ciclicamente, quer a adequação das medidas tomadas, quer a definição dos objectivos que constituem a defesa da língua.

Certos teóricos consideram que Portugal é um dos poucos estados-nação existentes actualmente. No seu entender é necessário distinguir entre uma nação, composta por um povo, uma língua e um território (sendo este último o menos importante), e um estado, um conjunto de instituições que governam, legislam, administram um determinado território, as suas populações e os seus recursos. Um dos poucos exemplos em que o estado coincide com a língua é exactamente Portugal. Noutros exemplos, em que a mesma língua está (ou esteve) dividida entre dois estados: Vietnames, Coreias, Curdistão as coisas complicam-se. Se no mesmo estado coexistem várias línguas (Bósnia, Irlanda, ..) as coisas também podem ser difíceis.

Convém referir o conceito de ‘Big Melting Pot’ que os EUA consideram que a sua cultura é, e que lhes tem permitido receber e integrar vagas sucessivas de emigrantes de línguas tão díspares. A língua Basca, ou a língua Cigana ou a língua falada pelos palestinianos são outros tantos exemplos, onde a falta de estado, ou a precariedade do território não é determinante.

A língua é uma componente da identidade autónoma da nação. Perguntem-no ao noruegueses que se diferenciaram dos suecos, aos gregos que consideravam bárbaro quem o não falava, ou aos bascos, ou... aos portugueses, se querem aprender espanhol. Com mais facilidade dirão que sim ao francês, inglês, russo, alemão ou chinês. Mas o espanhol é perigoso. Pode dar origem a confusões. Em múltiplas dimensões. É tradicionalmente olhado com algum preconceito negativo. Exactamente porque põe em perigo a língua portuguesa, e por isso a nação portuguesa.

A defesa da nação, da cultura, da identidade de um povo, passa pela defesa da língua. Só que esta defesa é cultural, não é militar. Não é o mesmo que a defesa do território.

A única maneira de evitar que uma linguagem seja negligenciada numa sociedade informatizada, de defender a nossa identidade linguistica, é investindo nas aplicações que existentes no mundo computacional. Investindo na linguagem Portuguesa asseguramos que esse conhecimento seja transmitido e discursado, e acedido, em Português. ‘O homem da rua deverá ser capaz de viver com o computador ser ter que desistir da sua cultura ou linguagem’ (Diana Santos  Computational processing of Portuguese’ - adaptado).  

 


 

 

Conclusões:

 

Neste documento criou-se uma situação paradoxal, devido ao facto de que a informação tornou-se deveras importante: a informação encontra-se geralmente codificada sob alguma forma de linguagem – em livros, documentos, ou simplesmente no acto de falar – é necessário ter em conta a diversidade do planeta de modo a obter ainda mais informação. Necessitamos de ter em consideração a quantidade de linguagens existentes no mundo, os diversos sistemas de escrita, e o número de diferentes tipos de comunicação inseridos em cada cultura, de forma a permitir uma fluidez na informação.

É de considerar cada linguagem nativa como o maior factor para as políticas de desenvolvimento. Deve-se ter em conta quanto á especificidade da cultura Portuguesa, reflectindo-se sobre a linguagem e os seus padrões de comunicação.

É na diversidade que se encontra qualidade. Temos o exemplo dos fóruns de discussão, nos quais várias culturas se cruzam, onde se pode encontrar Italianos a falar sobre eleições, Franceses a trocar anedotas, Indonésios a discutir sobre o islamismo, ... .

Se se der ás pessoas a chance, elas estarão mais interessadas em tornar a Internet num fórum mundial que num quintal fechado. Este será o verdadeiro sentido da Internet, edificando-se uma nova torre de Babel poliglota baseada numa partilha de cultura e de informação.

 

   


 

Agradecimentos:

 

O autor agradece aos docentes da cadeira de ‘Comunicação Técnica Profissional’: Dr. António Dias Figueiredo e Eng.ª Carla Patrão, da Licenciatura em Engenharia Informática, pelo estímulo que deram à versão original deste texto.

 

 

Referências:

 

Elaborado por:

Hugo Manuel Andrade Pereira

Departamento de Engenharia Informática

Faculdade de Ciências e Tecnologia

Universidade de Coimbra

3030 Coimbra

Portugal

hmanuel@student.dei.uc.pt

 

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Comunicação Técnica Profissional

2001/2002