Introdução
Gestão é a arte de
conseguir fazer as coisas. Na gestão de qualquer
projecto, as apresentações são usadas como um método
formal de reunir as pessoas com objectivos de planear,
orientar e rever o seu progresso.
Mas pensando bem, o que
pode uma apresentação fazer por nós?
- Põe-nos em cena.
- O nosso "staff
" precisa de provas no planeamento de
decisões e na capacidade para liderar de modo
que fiquem confiantes em relação à nossa
posição de gestor. Eles precisam de se sentir
motivados e inspirados para realizarem as tarefas
por nós designadas.
Os líderes de projecto de outras
secções precisam de ser convencidos dos
méritos do nosso projecto e se necessário
fornecer-nos ajuda.
O gestor-chefe
deve ficar impressionado pela nossa perícia e
habilidade de modo a nos forneçer os recursos
necessários para que a nossa equipa tenha o
trabalho feito.
- Permite-nos fazer
perguntas e iniciar um debate.
- Uma apresentação
permite-nos levantar dúvidas, discutir problemas
e pelo menos estabelecer quem de entre a
audiência nos pode fornecer informação útil
para a tomada de decisões.
- As apresentações
podem ser divertidas.
São a nossa
hipótese de traduzir a nossa mente, dizer às
pessoas como o mundo realmente é. Enquanto
estamos no palco, a atenção da audiência é
nossa.
Objectivos da
comunicação
O aspecto mais importante
da comunicação é que o seu principal objectivo não é
a transmissão mas a recepção. Toda a preparação,
apresentação e conteúdo de um discurso deve ser
orientado para a audiência e não para o orador. A
apresentação de um projecto perfeito pode ser um
falhanço total se a audiência não entender ou não
ficar convencida dos seus méritos. O objectivo da
comunicação é fazer com que a nossa mensagem seja
percebida e também relembrada.
O principal problema
nestes objectivos, são sem dúvida, as pessoas para quem
nós estamos a falar. A maior parte das pessoas tem um
período de tempo de atenção muito pequeno e um milhão
de outras coisas em que pensar. O nosso objectivo é
atravessar este nevoeiro mental e prender a atenção o
suficiente para expôrmos a nossa posição.
O plano da
apresentação
É difícil estimar a
importância de uma preparação cuidadosa. Cinco minutos
em frente do gestor-chefe podem decidir se um projecto
que levou meses de trabalho para a nossa equipa é aceite
ou não.
Com tanta coisa em jogo,
temos que nos concentrar não só nos factos mas também
no estilo, ritmo e finalmente nas tácticas de
apresentação que devem ser usadas.
Em regra não devem ser
gasta menos de 1 hora na preparação de 5 minutos de
discurso.
Por onde começar?
Formular os
objectivos
O ponto de começo
no planeamento de um discurso é formular um
objectivo preciso.
A melhor abordagem é focar o objectivo essencial
e complementá-lo no máximo com outros dois
objectivos, que não se afastem do principal.
Identificar o
público-alvo
O próximo passo
é identificar a audiência, tentando compreender
os seus objectivos enquanto realizamos a nossa
apresentação. Se conseguirmos atingir esses
objectivos ao mesmo tempo que o nosso,
encontramos uma audiência receptiva e
prestável.
Se nas nossas afirmações inicias mostrarmos que
entendemos as dificuldades da audiência e que
temos a solução, esta ficará lisonjeada com a
nossa atenção e atenta a cada uma das nossas
palavras.
Estrutura
Todos os discursos devem
ter uma estrutura ou formato bem definidos, para que a
audiência possa seguir os nossos pensamentos. No entanto
a estrutura não deve interferir com a nossa mensagem.
Não deve ser demasiado complexa nem demasiado
perceptível senão a audiência distrair-se-á.
Argumento
Sequencial
Esta é uma das
mais simples estruturas, e consiste numa série
de afirmações que interligadas, nos levarão a
uma conclusão. No entanto, é preciso ter
cuidado na ligação entre cada tópico, uma
técnica usada é a de frequentemente relembrar a
audiência do tópico anterior e de explicar o
que se segue.
Decomposição
Hierárquica
Nesta estrutura o
tópico principal é dividido em sub-tópicos e
cada um destes é subdividido em tópicos mais
pequenos até que chegamos a um ponto onde a
informação está repartida por diversas
pequenas unidades.
Na comunicação escrita esta é uma técnica
muito vantajosa porque permite ao leitor
reordenar a apresentação à vontade e voltar
aos tópicos omitidos em qualquer altura.
Orientado a
perguntas
O objectivo da
maior parte das apresentações de um gestor ou
é explicar uma decisão prévia ou procurar uma
aprovação de um novo projecto. Nestas
situações a estrutura da apresentação deve
ser orientada a perguntas.
Consiste em introduzir um problema e apresentar
uma série de possíveis soluções considerando
as vantagens e desvantagens. Uma dessas
soluções será a escolhida ou então será
iniciado um debate que nos levará a uma
decisão.
Um truque possível nesta estrutura de
apresentação é estabelecer os critérios pelos
quais as soluções serão julgadas o que nos
conduzirá à solução por nós preferida.
Pirâmide
Num jornal a
história é desenvolvida inteiramente num
primeiro paragráfo. Os parágrafos seguintes
repetem-se acresentando alguns detalhes não
abordados anteriormente.O editor do jornal pode
então avaliar a noticia e cortá-la apartir de
baixo, conforme o espaço dísponivel no jornal.
Esta estrutura apresenta vantagens:
- sensação de
deja vu que dá uma falsa ideia de
estarmos a ouvir as nossas ideias.
- flexibilidade
da apresentação para ser alterada
conforme a situação
Sanduiche
Carnuda
Esta é a mais
simples e directa estrutura possível de uma
apresentação.
Consiste numa estrutura de INICIO-MEIO-FIM, onde
o conteúdo principal da apresentação está
contido no meio, precedido de uma breve
introdução e seguido de um sumário e/ou
conclusão.
O Início : "A
arte de bem começar "
Ao iniciar uma
apresentação, é importante termos em conta 4 aspectos:
- Chamar a atenção da
audiência.
É natural que nos
primeiros minutos da nossa apresentação não
sejamos ouvidos, isto porque a audiência
perde-se em coisas como acomodarem-se nas
cadeiras, ou terminar aquela conversa importante
com a pessoa ao lado. Como o tempo é (bastante)
limitado, há que chamar a atenção sua
atenção tão rápido quanto possível.
Mesmo antes de se
começar a falar, o público gosta de saber o que
se vai dizer. Isto é particularmente útil,
visto que cada um dos ouvintes terá uma
experiência ou opinião acerca do assunto, o que
faz com que desde o início essa ideia lhes
"paire" na mente.
Apresentar a ordem
pela qual os assuntos vão ser tratados, ajuda a
assentar o tema e permite que a audiência fique
ao corrente do que irá ser falado.
Para cativar
atenção da audiência é necessário planear
desde o início a imagem que ela fará de nós, e
usar o início da apresentação para estabelecer
esse tipo de relacionamento. Podemos aparecer
como amigos do mesmo estrato, como um expert,
como um Juíz, etc, mas seja lá qual seja, há
que a impôr desde o início.
Finalizar
"E
tudo o vento levou"
As últimas palavras e a
última impressão que causarmos na audiência é o que
ela se irá recordar, pelo que o fecho de uma
apresentação deve ser feita com extremo cuidado.
Em alguns casos, o final
poderá ser uma conclusão dos pontos principais que
foram falados. Um grande erro que nunca deve ser cometido
é o de "avisar" a audiência de que o que se
vai dizer é um resumo/conclusão, porque apartir desse
preciso instante, ninguém mais presta atenção alguma !
Apoio Visual
"Música
para os olhos"
Não há dúvida de que um
projector, um slide, ou ainda um vídeo, consegue atrair
muito mais facilmente a atenção do público do que
simplesmente uma pessoa a falar em cima de um palco. Os
apoios visuais permitem exprimir certas ideias cuja
explicação apenas por linguagem verbal se tornaria
bastante difícil, além de aborrecida para quem ouve. O
nosso cérebro associa facilmente imagens a ideias, pelo
que os apoios visuais na altura certa, com as imagens
certas, permitem uma compreensão muito mais natural
daquilo que queremos dizer.
Há no entanto uma série
de regras a ter em conta para que estes apoios visuais
sejam usados eficientemente. A regra de ouro é que tudo
o que não tenha propriamente a ver com o tema e
objectivo da apresentação deve ser removido.
"Demasiados bonecos atrapalham, em vez de
ajudarem". A audiência passa a prestar atenção
aos ditos "bonecos" e esquece o que está
escrito. Nunca esquecer que estes apoios são
precisamente isso : "apoios". Regra importante
é falar para a audiência e nunca para os apoios
visuais. Esquecer os "Copy-Paste". Toda a
informação que exceda o que se quer apresentar aborrece
o público. Certificar que o que o que está escrito pode
ser lido do fundo da sala.
Discurso
"Um
jogo de posições"
O corpo humano é uma arma
importante na guerra à conquista da atenção da
audiência. Certas facetas do corpo humano de quem está
a apresentar um trabalho podem ajudar a fixar a atenção
do quem ouve. Existem cinco dessas facetas chave : os
olhos, a voz, a expressão, a aparência, e a postura.
Diz-se que os
olhos são a chave para a alma. Sem dúvida são
os olhos a arma mais importante no que diz
respeito em convencer a audiência da nossa
honestidade, abertura e confiança nos objectivos
da nossa apresentação. Mesmo nas conversas do
dia-a-dia, os sentimentos de intimidade e amizade
podem ser avaliados pelo tempo e duração do
contacto nos olhos. Sempre que possível, deve-se
proceder a um contacto
"olhos-nos-olhos" com a nossa
audiência. Embora esta tarefa seja claramente
mais simples quando se fala para pequenos grupos,
os efeitos são bastantes semelhantes em grandes
anfiteatros. Uma vez que estamos relativamente
afastados da assembleia, é difícil para o
público, dizer para onde estamos a olhar; deste
modo, fazemos com que cada elemento se sinta
objecto da nossa atenção.
Durante uma
apresentação é boa política manter o nosso
olhar fixado em cada sítio durante cinco ou seis
segundos. Depois, após cada mudança de
posição, um pequeno sorriso nessa direcção,
reforça a ideia nas pessoas daquela zona do
público de que as estamos a ver e que estamos
com atenção ao seu feedback.
Os dois aspectos
mais importantes quando se fala para um público
são a projecção e a variação da voz. Com
isto pretende-se controlar o feedback da
audiência, consoante a sua reacção ao que é
dito. Perante um discurso monotono a audiência
tende a "adormecer", por isso torna-se
importante elevar o tom e a velocidade do
discurso em ocasiões que tal o justifique (como
por exemplo, realçar uma ideia). Poucas são as
pessoas que conseguem, num palco, manter a sua
voz normal de conversa. Isto faz com que uma
tentativa de elevar o tom da voz ou a velocidade
do discurso, possa parecer um pouco
"plástica", falsificada. Para isso,
uma boa técnica consiste em usar pergunta de
retórica ao longo da apresentação, visto que
ao fazer-se uma pergunta, o tom da voz eleva-se
naturalmente.
Durante a nossa
apresentação, os olhos da audiência estão
postos em nós. Se estamos com ar de distraídos,
assim ela estará. Se, por outro lado, estamos a
sorrir, ela prestará atenção, quanto mais não
seja para descobrir porque sorrimos. O importante
é tentarmos deixar os nervos para trás e manter
uma expressão facial tão natural quanto
possível.
A maneira como nos
vestimos e nos apresentamos perante uma
audiência é uma opção que deve ser tomada
tendo em conta a própria audiência.
Vestimos-nos para a audiência, e não para nós.
Devemo-nos vestir em consonância com o local e
tipo de pessos que assistem à apresentação.
Eis uma secção
de vital importância para que uma apresentação
seja bem sucedida. O objectivo principal é
evitar que a postura que temos em palco crie um
ambiente chato e aborrecido. Devemos tentar fazer
com que os nossos gestos ajudem a dinamizar a
apresentação. O grande pesadelo da maioria dos
apresentadores é o problema das mãos. O que
fazer com elas ?!? Não devem andar a
"borboletear" (com o perdão da
palavra) no ar, nem devem ficar paralisadas, nem
enfiadas nos bolsos das calças ou a
"brincar" com a esferográfica. O
objectivo é mexe-las de um modo natural, e em
consonãncia com o discurso.
Técnicas do
Discurso
Como já anteriormente foi
dito: "O importante é garantir a recepção da
mensagem". Temos que, de alguma forma, ganhar a
atenção da plateia de forma que esta receba a nossa
mensagem. Blair apresenta-nos alguma técnicas para
alcançar este importante objectivo do orador.
Deixar uma
ideia...
O mínimo que se pode
pedir é que, no fim do discurso, a audiência saiba
reconhecer qual a principal mensagem que o orador
tentou transmitir. A audiência não pode sair da
sala a perguntar: "Mas então, qual era
realmente o assunto?". No mínimo terá que
saber "a moral da história".
Repetir,
repetir, repetir ...
A audiência tem muito
em que pensar, assim, é muito natural que, no
momento em que o orador está no(s) ponto(s) mais
importante(s) do discurso, esta esteja completa ou
parcialmente distraída. Conclusão ... não captou
uma mensagem que era realmente importante,
resolução ... repetir a mensagem. O orador não
pode passar todo o discurso a dizer a mesma mensagem,
mas ao repetir a mensagem vai garantir que mais
algumas pessoas tomem conhecimento da ideia.
Quando se fizer a repetição a explicação deve ter
um forma diferente para não maçar quem já tinha
percebido anteriormente.
É necessário ter atenção pois o tempo de que
dispomos é, por vezes, muito pouco para muitas
repetições.
Fazer sinal...
Não é propriamente
apontar com o dedo mas sim apontar o momento em que
vai ser dita a mensagem principal. Estudos revelaram
que por vezes uma audiência não percebe qual o
principal ponto da oração porque não está
"á procura" dele. Convém assim, ao
orador, identificar esse ponto: " ... e o ponto
importante é :".
Fazer desenhos
....
O cérebro humano
está optimizado para trabalhar com imagens, assim
terá muito mais facilidade em assimilar a mensagem
quando esta vem acompanhadas de sensações visuais.
Será preferível substituir uma frase do tipo
"Precisamos de garantir uma boa quota de mercado
..." por uma frase do tipo "Precisamos de
ganhar uma boa fatia do bolo ...".
Poderemos mesmo, se assim for possível,
mostrar/fazer um desenho que possa exemplificar, ou
pelo menos ajudar a entender a nossa ideia.
Contar
anedotas....
Pode ser uma boa forma
de chamar a atenção da audiência e de, ao mesmo
tempo, descontrair e tornar o ambiente "menos
pesado".
Cuidado com anedotas racistas, sexualistas ou, com as
que se definem em gíria como "porcas".
Esta técnica é apenas aconselhada a quem consegue
contar anedotas com a maior facilidade e
naturalidade. Se, "por acaso", uma anedota
correr mal podemos sempre dizer: "Podem-se rir
... isto era uma anedota" o que em geral
minimiza o erro e pode ter o mesmo efeito positivo de
uma anedota bem conseguida.
Discurso
simples....
... claro e objectivo.
Isto é óbvio e aplica-se sempre que possível
durante toda uma vida!
Quantos mais "floreados", mais difícil se
torna a compreensão por parte da audiência.
Curto e grosso
...
Se, a pedido do
patrão (por ex.), conseguirmos em trinta segundos
explicar o projecto que temos vindo a desenvolver ao
longo de alguns meses e ainda terminar com uma frase
memorável, então temos aí uma boa base ou um fim
perfeito para a finalização de um oração sobre
esse mesmo projecto.
Narrativa/Histórias...
Mensagens que circulam
nas cabeças de todas as pessoas são aquelas
contadas pelos avós, pelos pais, basicamente as
"histórias da carochinha". O próprio
Cristianismo era inicialmente ensinado em parábolas.
Porquê? Porque as pessoas gostam de histórias e
quando se gosta de uma coisa mais facilmente lhe
prestamos atenção. Assim, se conseguirmos enviar a
mensagem sob a forma de uma história conseguimos uma
audiência à espera de ouvir a nossa próxima
palavra. Vão-nos seguir passo a passo com toda a
atenção do mundo.
O Ensaio....
O ensaio é e será
sempre uma das técnicas mais importantes para uma
boa apresentação. Podemos ensaiar em frente a um
espelho para corrigir a mímica, a forma como nos
colocamos perante a audiência. Atenção, que nunca
nos vemos ao espelho da mesma forma que uma pessoa da
audiência nos irá ver. Devemos ensaiar também na
sala onde será feita a apresentação para
corrigirmos, se assim for necessário, a voz.
Podemos pedir a um amigo que assista ao ensaio. Ele
vai ter a mesma perspectiva que uma pessoa na
audiência. As informações que ele nos transmite
são importantes para melhorarmos a forma de estar e
falar.
Relaxamento....
Antes da
apresentação os nervos tomam conta de nós ... é
normal. Então o que fazer? Temos duas hipóteses: ou
nos concentramos para controlar a respiração ou
aproveitamos toda a adrenalina extra e damos o tudo
por tudo!
Temos sempre um ponto a favor: a audiência não
nota, tanto como nós, o nervosismo que se nos
apoderou.
Se, já durante a apresentação, nos esquecemos do
que temos para dizer... "no desperare",
sorrimos e calmamente verificamos os apontamentos.
Para nós o tempo pode parecer que está a passar
muito depressa mas para a audiência isso é bem
diferente e nunca parece uma grande demora.
CONCLUSÃO
Depois de terminada a
apresentação e de estarmos mais calmos analisamos a
nossa "performance". Pedimos a um amigo da
audiência que nos dê uma opinião sincera da forma como
decorreu a apresentação.
Tentamos perceber qual o
aspecto da apresentação em que estivemos menos bem para
que o possamos melhorar para a próxima vez. Se o
problema foi a voz ou a postura então fazemos um ensaio
mais intenso, se o problema foi o envio da mensagem
então escrevemos notas e usamo-las durante a
apresentação, etc...
Citando e traduzindo
Blair:
"A
prática só é produtiva quando fazes um esforço
positivo para melhorar - tenta."
|