[Temas de Gestão]
 
A Minha Empresa Fictícia por Jorge Dias
(aluno do DEI).
 
 
 
 
 
Indice
# Introdução
# As Novas Concepções
# Factores de Sucesso
# O Ambiente de educação e o trabalho
# Conclusão
 
 
Introdução
"Reinventar a Empresa" foi uma mudança no que diz respeito aos livros que habitualmente constam da bibliografia dos cursos de engenharia. Fiquei com a sensação que muitos dos empresários dos nossos dias necessitam de o ler, a fim de reinventarem os seus negócios e a sua vida em geral. 

Uma vez que sempre me agradou a ideia de ter uma empresa, resolvi, como forma de síntese das principais ideias do livro, escrever como seria a minha empresa. Ainda não sei qual seria o seu ramo de actividade, mas também não é importante, uma vez que os conceitos e valores presentes no livro, são comuns a qualquer empresa, seja qual for o seu ramo de negócio. 

 
 
As Novas Concepções
A minha empresa fictícia (MEF), terá poucos níveis de gestão. Para que isso seja possível, esta será por certo de pequena dimensão, embora se se tiverem em conta os actuais meios de comunicação (por exemplo, o correio electrónico), poderá haver lugar ao crescimento da empresa sem que isso signifique necessáriamente um crescimento dos níveis de gestão intermédia. Aliás, a existência do correio electrónico é um dos factores que está a contribuir para o desaparecimento dos níveis de gestão intermédia, isto porque no passado estes postos eram utilizados para fazer o fluxo bidireccional entre as chefias e os trabalhadores, não contribuindo em nada para o desenvolvimento da empresa. Agora a comunicação entre quem faz e quem decide está muito mais facilitada e simplificada levando a grandes economias de tempo, tempo esse que actualmente é de grande importância para qualquer empresa. Além disso, a energia inovadora de qualquer pessoa é mais facilmente posta no trabalho, quando não há estruturas hierárquicas para subir. 

Para o sucesso da MEF, é essencial escolher a pedra base fundamental necessária a qualquer empresa que queira manter-se no mercado, com sucesso, ao longo dos anos - O capital humano. Ao contrário da era industrial, em que o recurso estratégico era o capital e a sua finalidade era aumentar esse mesmo capital, a MEF terá como principal objectivo o desenvolvimento daqueles que lá trabalham. Como as pessoas são fundamentais no sucesso da empresa, o seu bem estar é um factor crítico na sobrevivência de qualquer organização. Na MEF elas serão tão importantes como os resultados económicos - este será o nosso lema. Para além de que não tenho a mínima dúvida de que um bom capital humano conduz necessariamente à estabilidade económica. 

Na MEF não haverá ordens. E para cumprir o ideal da empresa, não existirão chefes de ninguém. Todos terão em todos um colega disposto a prestar auxílio em caso de necessidade principalmente nos que estão na empresa há mais tempo, pois são estes que conhecem melhor a sua estrutura e o seu modo de funcionamento. Cada um será responsável por si próprio, colaboradores independentes que se auto gerirão, dado que é o gosto pelo que se está a fazer que vai produzir bons resultados, devido ao empenhamento da pessoa que o faz. 

Por forma a obter bons recursos humanos, a MEF investirá na saúde dos seus colaboradores (denominação mais agradável do que trabalhadores, empregados ou assalariados), na sua forma física e no se desenvolvimento pessoal, facultando o acesso dos mesmos a congressos e outros encontros que os estimulem intelectualmente no seu trabalho. 

A MEF tem uma missão claramente definida e sabe o que fazer para a conseguir realizar. Uma vez que normalmente uma missão é o fruto duma visão clara, acerca do futuro da empresa e da vontade de a projectar a um determinado nível, é necessário muito trabalho e intuição por parte daqueles que a estão a construir, isto é , todos. É por isso essencial que a visão seja partilhada por cada um, como sendo a sua, levando assim a empenhar-se para a conseguir realizar, dando origem a um empenhamento colectivo galvanizante. A minha função será, ao longo do tempo, ir reajustando e reforçando a visão de modo a manter o empenhamento e a motivação das outras pessoas. 

A liberdade individual de cada um será respeitada, na medida que os colaboradores da empresa poderão fazer o seu trabalho da forma que lhes for mais agradável, condição que deveria estar presente em todo e qualquer trabalho.

fig.1
 
A gestão tradicional, vincadamente autoritária , (fig. 1) não poderia funcionar na MEF. A autoridade que deriva da estrutura hierárquica, que é normalmente encontrada nas empresas, é errada e inibe o espírito criativo, a inspiração e todas as especificidades que são próprias de cada um. Não resisto a citar uma frase que entendo ser por demais esclarecedora e adequada: "Fornecer aos empregados instruções só contribui para lhes dar a conhecer as suas limitações. Fornecer-lhes informação, pelo contrário, arma-os com o conhecimentos das suas oportunidades e das suas possibilidades." (Ref. Página 40 RE). 

É com o objectivo de evitar a gestão ditatorial que a estrutura hierárquica na MEF terá a forma de uma pirâmide invertida, onde os clientes estão em posição de destaque no topo da pirâmide (fig.2).

CLIENTES
fig. 2
 
A direcção da MEF toma sobre si a responsabilidade de ajudar aqueles que trabalham directamente com os clientes, pois são esses colaboradores que mais sabem das preferências de cada cliente e como tal, são eles, melhor do que ninguém, que sabem como realizar o trabalho de modo a satisfazer da melhor forma possível os clientes da empresa. E um cliente satisfeito vai concerteza atrair novos clientes, será como que um marketing indirecto. 

A estrutura hierárquica indicada é válida para representar a liberdade dos colaboradores, em realizar o seu trabalho de uma forma inovadora, podendo tomar decisões imediatas quando surge qualquer problema. É no entanto desajustada para representar o fluxo de comunicação. Esta será, mais naturalmente, parecida com uma rede, ou uma matriz, ou qualquer outra estrutura que possa exprimir indubitavelmente a facilidade de comunicação entre as pessoas que pertencem aos vários sectores da empresa. A constituição de pequenas equipas, facilita também essa comunicação, uma vez que o facto de estas serem desprovidas de qualquer carga burocrática as torna dotadas de flexibilidade e grande rapidez decisória. A equipa funciona tanto melhor quanto maior a diversidade de conhecimentos e capacidades dos vários elementos que a compõem. 

A MEF não irá perder os seus elementos mais criativos e talentosos, por estes se mudarem para a gestão. Para isso a MEF vai proporcionar a subida para níveis superiores, obtendo uma remuneração mais elevada e tendo outro benefícios, mas continuando a fazer aquilo que sempre gostaram de fazer e que fazem bem. Com isto a MEF não irá ficar desfalcada nos sectores em que esses especialistas estavam. Não é pois aplicável o princípio de Peter, porque as pessoas estarão onde gostam de estar e onde são produtivas, não perdendo nada com esse facto, antes pelo contrário, todos ficam a ganhar. 

A remuneração na MEF será atribuída de acordo com o trabalho desenvolvido por cada colaborador. Isto serviria para premiar os mais produtivos e como forma de incentivo para todos. Acho que até talvez tivesse sucesso, num meio auto consciente, deixar que fossem as pessoas a fixar o seu salário mensal(!!!), variando assim com aquilo que elas achassem que tinham produzido. 

Na MEF haverá periodicamente um sistema de avaliação em ambos os sentidos, quer descendente, quer ascendente. Isto leva a que todos sejam tratados da mesma forma sem discriminação. 

Uma outra política a seguir é, só fazer negócios com quem for aprazível. Posso falar deste aspecto do ponto de vista do consumidor: ir fazer compras a uma loja e ser tratado como se eu é que precisasse deles, é a melhor forma de garantirem quase a 100% que não volto lá. Qualquer empresário deverá ter em consideração que a melhor forma de fazer negócio, é interessar-se por aquilo que o cliente deseja e prontificar-se a esclarecê-lo de forma simpática e objectiva, eliminando os seus receios, normalmente presentes quando estamos numa área que desconhecemos, e fazendo-os crer que a sua satisfação está (e deverá estar de facto) acima de qualquer outra coisa. Este deve ser um dos principais objectivos da empresa. 

Não é difícil encontrar à nossa volta exemplos de empresários(as) que respeitam os seus trabalhadores, recolhecem o esforço por eles efectuado dentro da organização e os recompensam por isso. Exemplos concretos desta forma de agir, são os casos em que os responsáveis pela empresa preferem pagar em primeiro lugar os vencimentos dos trabalhadores, relegando para segundo plano os próprios dirigentes da empresa que recebem se as condições económicas da empresa o permitirem. É claro que esta forma de agir gera polémica e contestação, mas garante à partida um bom funcionamento do motor da empresa, ou seja, o sistema produtivo.

 
 
Factores de Sucesso
Quais são os factores que determinam o sucesso de uma empresa? Quais são as técnicas que se estão a utilizar para transformar empresas quase moribundas em empresa saudáveis e rentáveis? Os recursos humanos, como já foi referido, são uma parte fulcral em qualquer empresa; tal facto vem justificar que a MEF apoie e invista no seu desenvolvimento pessoal. Isto irá atrair novos valores e talentos para a empresa. A valorização pessoal dos colaboradores tem uma dupla vantagem: por um lado, as pessoas aumentam o seu grau de conhecimento, por outro lado, vão utilizar esse mesmo conhecimento em prol da empresa. 

O ambiente que se vive e "respira" na empresa, é determinante para cativar os potenciais novos colaboradores. De forma a tornar o ambiente mais propicio ao desenvolvimento, a MEF deve tomar várias medidas, algumas das quais se explicitam a seguir: 

  • Pôr em estreita colaboração as pessoas com mais experiência e aquelas que acabaram de chegar, desta forma a integração das pessoas novas é feita mais rapidamente e as outras tomam contacto mais de perto com os problemas locais. 
  • Na medida do possivel cada colaborador da MEF faz o seu próprio horário. Ao escolher o horário que mais gosta ou que lhe traz maiores conveniências, as pessoas ficam com maior predisposição para trabalhar, ficando com maiores responsabilidades na execução das suas tarefas. Pagar às pessoas para cumprirem um horário é errado e não é muito compensador uma vez que, estatisticamente, se chegou à conclusão que obrigar as pessoas a estarem presentes numa determinada hora leva a que estas só dispensem cerca de 60% do tempo a realizar trabalho útil. 

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  • Organizar meios de intercâmbio para troca de experiências com colegas de outras empresas, proporcionando-lhes assim contacto com outras realidades e adquirindo novos conhecimentos. 

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  • Fazer com que as pessoas tenham a noção do que se passa no resto da MEF, de modo a terem uma visão mais alargada do funcionamento da mesma, podendo até variar a sua actividade ao longo do tempo, aumentando assim a flexibilidade de cada um. Deste modo é mais fácil substituir alguém que saia da empresa ou que não possa executar o seu trabalho por um qualquer motivo. 
Estes factores contribuem para um melhor ambiente de trabalho, originando resultados de melhor qualidade. 

Na MEF o trabalho que exceda as expectativas deve ser recompensado. Quando alguém tem um alto desempenho na empresa, ou iniciativas valiosas a sua produtividade deve ser premiada. A recompensa pode ir desde um incentivo monetário, à participação nos lucros, à distribuição de acções da companhia, ou até mesmo à atribuição de uma parte da empresa. Desta forma as pessoas passam a estar mais motivadas para desempenharem a sua função, pois sentem que estão a trabalhar naquilo que também lhes pertence. Se na MEF o pagamento fosse feito consoante a posição da pessoa no organograma, estar-se-ia a cometer o mesmo erro que no caso de pagar às pessoas para elas estarem a uma determinada hora no seu posto de trabalho. 

O respeito e o reconhecimento dos seus colaboradores deve assumir um papel importante na relação que os dirigentes da MEF têm com eles(…). Em empresas pequenas como a MEF, constrói-se facilmente um ambiente familiar, em que todos se conhecem, o que trás bastantes vantagens do ponto de vista de saber quem é o responsável por determinado processo. 

Gostava que na MEF houvesse um espaço para a cooperação entre colegas, um grande espírito de entre ajuda, evitando que uma pessoa tente arranjar a solução dos seus problemas sozinho, causando assim perdas de tempo consideráveis, quando por certo, há alguém que já conhece a solução. Será também encorajado a criação de micro empresas dentro da MEF, dinamizando assim o seu possível leque de actividades. Isto tem o beneficio claro de que evita a perda de bons profissionais que de outra forma acabariam por sair para formar a sua própria empresa, enquanto que, ao mesmo tempo, lhes proporcionamos realização pessoal. Isto não deve no entanto ter consequências negativas nas outras actividades da empresa, levando a prestar um serviço de inferior qualidade. A qualidade é uma condição indispensável para a solidez de uma empresa, não só nos produtos que fabrica, mas também na sua relação com os clientes. 

A MEF deve estar localizada numa zona que, além de favorecer o negócio, seja aprazível para as pessoas que lá executam as suas funções. Nas imediações da sua localização deverá haver uma boa qualidade de vida, um bom clima, deverá estar servida por uma boa rede de transportes e existir toda uma vasta gama de actividades culturais e recreativas. Hoje em dia as pessoas dão importância a coisas tão simples, que por vezes não são tidas em consideração, como por exemplo, a existência de um jardim de infância perto do local de trabalho, onde possam deixar os filhos nas horas de trabalho.

 
 
O Ambiente de trabalho e a educação
O trabalho que se está a fazer, além de produtivo deve ser agradável e gratificante. Se assim for há um interesse maior e mais facilmente serão atraídos novos valores humanos. No que diz respeito à MEF, ela irá fomentar e auxiliar a construção de um ambiente deste tipo. Esta tarefa é da responsabilidade de todos que lá trabalham, sejam eles homens, sejam mulheres, cada vez mais presentes em lugares de destaque. 

A par da flexibilização do horário de trabalho, será consentida na MEF a partilha de postos de trabalho; além das vantagens que traz na concretização do horário flexível, permite uma produção superior no mesmo ponto de trabalho. Um outro ponto importante é a segurança social, pois irão atrair as melhores pessoas aqueles que conseguirem oferecer melhores regalias sociais. 

É claro que para atrair novas pessoas, não basta um sistema de regalias sociais aliciante, porque além disso mais as pessoas procuram: 

  • independência no trabalho que realizam; 
  • um trabalho estimulante, que seja um desafio permanente; 
  • uma boa compensação monetária pelo trabalho desenvolvido; 
  • a sua realização pessoal e profissional. 
Um dos maiores encargos de qualquer empresa é a despesa com a saúde. Este facto ao ser constatado veio fazer com que se pensasse em formas de baixar os custos nesta área. Uma boa ideia, que a MEF vai concerteza adoptar, é resolver os problemas antes deles existirem, apostando na prevenção. Um outro problema que é apontado como uma das principais causas de doença nas empresas é o tabaco. Se se conseguir um ambiente livre do fumo do tabaco, os custos com a saúde vão ser substancialmente reduzidos. Na MEF não se pagará aos colaboradores, para eles se auto destruírem. Poderá esta política afastar da MEF pessoas de grandes capacidades? Penso que não e cito um comentário de um empresário : "Como pode alguém considerar-se esperto se insiste em fumar conhecendo, como todos nós sabemos, os malefícios do tabaco?". (Ref. Página 211 RE). 

Os números revelam bem a dimensão do problema: ao longo de uma década o tabaco vitima em todo o mundo o equivalente à população Portuguesa. Uma pastilha sem açúcar é sempre uma boa alternativa dada pela MEF.

Se a MEF quiser novos elementos na sua organização de onde é que eles vêm? De outras empresas é uma hipótese, mas o mais provável é que venham das universidades, com um canudo na mão e pouco mais. Ora aqui está um problema cuja solução não se vislumbra facilmente, o sistema de ensino. 

O ensino actual ainda está marcadamente virado para os currículos do passado, em que apenas o lado linear da realidade e o pensamento lógico e racional estão presentes, o que estava adequado na era industrial, em que o comportamento homogéneo imperava. Este tipo de ensino é, no entanto, totalmente desajustado para a nova sociedade de informação, onde características como a individualidade própria de cada um, a criatividade, o raciocínio e a capacidade de pensar são indispensáveis. Estas qualidades capitais, não são suficientemente estimuladas pelo actual sistema educativo. 

Se perguntarmos, qual o curso que me vai preparar para o futuro?, a resposta é que esse curso não existe! A capacidade de adaptação, de estar constantemente a adquirir novos conhecimentos e manter um espirito aberto, é a melhor arma contra as mudanças tecnológicas, sociais ou económicas que venham a acontecer no futuro. 

Tendo em conta as lacunas existentes, não é de admirar que as empresas tenham chamado a si algumas das tarefas que era suposto ser a escola a fazer, e tenham portanto entrado em concorrência com elas. Já que se as empresas pretendem pessoas com um determinado perfil são eles próprios a dar-lhes a formação. 

Tal como irá ser feito na MEF, muitas empresas estão a apostar no apoio às escolas. Se os problemas forem resolvidos antes de existirem, ou seja, nos primeiros anos de ensino, esse apoio vai-se transformar no futuro em "dinheiro em caixa", porque já não vai ser preciso reeducar, de uma forma tão profunda, os colaboradores. É caso para dizer que as empresas se parecem cada vez mais com universidades.

 
 
Conclusão
Onde quer que se esteja e antes de tomar qualquer decisão, é necessário pensar e ponderar conscientemente os nossos objectivos. Pensar na situação presente e descobrir que rumo se quer tomar, onde se pretende chegar e o que se pretende realmente fazer na vida, é uma tarefa difícil, mas indispensável para encetar o árduo trabalho de conquistar o futuro. 

Vamos embora que ele está à nossa espera …

 
 
 
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